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Missão SNVD

Ilustração: Erick Fugii

Sobre Nossa Visão Distorcida é um projeto de site transmídia que visa aproximar a sociedade de um distúrbio que tem se tornado assunto de saúde pública nos últimos anos: os transtornos alimentares.

Existe uma demanda mundial urgente em se criar um canal virtual de comunicação com crianças, adolescentes e jovens em risco de desenvolverem transtornos alimentares. Esse público apenas encontra sites pró ana (anorexia) e pró mia (bulimia) para se comunicar e trocar angústias online, pois todos os sites que tratam desses distúrbios como doenças são páginas médicas, que não têm apelo às necessidades de expor angústias e trocar dicas e sugestões de como lidar com elas, ou seja, não oferecem nenhum tipo de refúgio emocional, ao passo que os sites criados por vítimas transtornadas oferecem esse conforto psíquico.

Ilustração: Estudio Mol

Para se ter uma ideia do tamanho do problema apenas em São Paulo, um balanço divulgado pela Secretaria da Saúde em 2013 revelou que a cada dois dias, em média, uma pessoa é internada por anorexia ou bulimia nos hospitais que atendem pelo SUS (Sistema Único de Saúde) no Estado de São Paulo. Somente nos primeiros sete meses de 2013, foram 97 internações devido a estes distúrbios alimentares. Em 2012, 165 pacientes precisaram de internação e 1.220 pacientes fizeram tratamento ambulatorial no estado contra os dois distúrbios.

O mesmo levantamento revelou que 77% das jovens entrevistadas apresentavam propensão a desenvolver algum tipo de distúrbio alimentar, como anorexia, bulimia e compulsão por comer, e que 68% delas faziam as refeições em frente ao computador ou televisão. 94% utilizavam a Internet todos os dias por pelo menos quatro horas.

Ilustração: Yuri Garfunkel

Para entender o papel da internet e seu poder de engajamento tanto no comportamento autodestrutivo quanto na construção da auto estima, podemos citar o exemplo de D.. D. era uma jovem do Rio Grande do Sul, que, aos 21 anos, tratada como web celebridade, com mais de 17 mil seguidores no twitter e mais de 5,4 mil seguidores no instagram, medindo 1,65m e pesando 48 kgs, faleceu devido a complicações decorrentes da anorexia nervosa. Seus fãs na internet aplaudiam sua anorexia, que não era escondida (ela postava a hashtag #vamoanorexia), e as fotos que postava de seu corpo recebiam incentivos por meio de likes e de comentários como “Que inveeeeja”, “Perfeição”, “Essa eu curti demais”, “Maravilhosa! Sempre teve um corpinho assim?”.

Não estamos falando de probabilidades nem de ficção. Os números do SUS são alarmantes, e a história (note a falsa “ficcionalização” da vida privada num conto de fadas superficial urbano contemporâneo que interfere na saúde mental e física da jovem) de D., infelizmente, é realidade no mundo virtual, que se estende para a vida fora das telas. Estamos vivendo num contexto cultural e econômico que não é acolhedor aos jovens, e a dependência de aprovação alheia vinda de pessoas fora de nosso núcleo íntimo se tornou um distúrbio social crônico.

Segundo pesquisa do Instituto Dove no mundo (“O que conta para você se sentir bonita?”), nos quesitos: “receber elogios”, “gostar do que você vê no espelho”, “ser amada” e “ser mais atraente do que outras pessoas que você conhece”, as brasileiras são as que mais se importam com bastante diferença em relação aos demais países. Isso é um quadro que nos ajuda a entender o caso de D..

Ilustração: João Pirolla

No contexto em que vivemos hoje no Brasil, é praticamente impossível controlar o acesso de jovens e adultos que estejam com a autoestima em baixa à internet de má qualidade, e a tendência, com a realidade dos smartphones, é que o diálogo interpessoal seja cada vez menor e menos desenvolvido, principalmente em centros urbanos. Esse é o habitat ideal para que o vírus invisível dos transtornos alimentares se alastre, causando danos ainda inéditos na sociedade.

Nossa proposta é fazer o contrário do caso de D.: imagens, vídeos e mensagens honestas voltadas ao público que tem tendência a desenvolver transtornos alimentares se unirão em uma plataforma virtual de diálogo, prevenção, conscientização, engajamento e discussão a respeito dos diversos fatores sociais que podem contribuir para o desenvolvimento dessas doenças psíquicas.

Mas COMO funciona essa plataforma, na PRÁTICA?

Ilustração: Chico Zullo

Nossa proposta NÃO É INSTITUCIONAL NEM INFORMATIVA. Usaremos textos, ilustrações e animações, confortando e entretendo esse público fragilizado com histórias reais e textos reflexivos permeados de entrelinhas positivas que promovam a saúde mental com as quais esse público possa se identificar. Assim, criaremos uma válvula de escape emocional para todo o bombardeamento de marketing comercial e pessoal que vemos nas redes sociais. Essa “ficcionalização” de uma felicidade aparente baseada em imagens de uma realidade distante abafa a verdadeira necessidade humana de conforto emocional (que é alcançada por meio da comunicação, identidade e senso de comunidade), iludindo crianças, jovens e adultos com uma resposta visual fácil para os dilemas da vida real.

Ilustração: Fábio Liu

Para chegar nesse resultado difícil, cabe à nossa equipe produzir, coordenar e curar o que vai e o que não vai ser publicado. Cabe também à nossa coordenação produzir material diretamente voltado ao mesmo público que seguiria D., por exemplo. Um exemplo prático é, em vez usar fotos de selfies como perfil, criar retratos artísticos dos colaboradores envolvidos. Interpretar o mundo que nos rodeia e reinterpretar o que nos é atirado como verdade absoluta na propaganda, que hoje em dia se confunde com informação. Ver o outro e relacioná-lo consigo, e não apenas o reflexo de si como um ser separado do que está a nossa volta. Incentivar que o olhar para si não venha do espelho nem do olhar do outro, e sim, de nossa interpretação do que somos no mundo em que vivemos.

Divulgando depoimentos escritos e em vídeo e formas de expressão (desenho, fotografia artística) de garotas ou personagens de ficção que se recuperaram ou que sofreram com transtornos de imagem ou automutilação (não pretendemos de forma alguma explorar essas imagens), pretendemos quebrar esse tabu e abrir um canal de comunicação para que se converse sobre problemas de autoestima, autoimagem e se questione os limites da indústria do consumo (tanto em termos da indústria alimentícia quanto em termos de comercialização e tipificação da imagem feminina e da indústria de informação voltada a venda de superficialidades nas redes virtuais). Seremos bem sucedidos se conseguirmos realizar a internalização dessa discussão.

Ilustração: Elisa Carareto

Nosso site será um espaço de reflexão, expressão e produção criativa para que os transtornos alimentares sejam pensados pelo ponto de vista de jovens que se recuperaram, para que, desta forma, pessoas em estado de fragilidade ou em recuperação possam ler mensagens positivas e encontrar, através de nossos colaboradores, modelos e esperança para buscar uma vida saudável e produtiva, se reencontrando na sociedade e em seus papéis produtivos e representativos. Será um canal para se falar da doença e de se expor sentimentos de exclusão de uma maneira positiva e espontânea de maneira indireta por meio da criação de novas imagens que representem os sentimentos tratados.

Ilustração: Elisa Carareto

Pretendemos dar o primeiro passo no Brasil, em especial em São Paulo, no combate ao preconceito em relação aos distúrbios alimentares e problemas de auto imagem e promover a compreensão sobre o que são esses distúrbios, sempre utilizando a história como uma ferramenta para expressar nossa mensagem.

A difusão do pessimismo em relação à superação de problemas de autoflagelo, autoimagem e transtornos alimentares na adolescência não corresponde com a realidade, mas por causa da vergonha das pessoas que sofreram ou sofrem dos distúrbios e do preconceito social, aliada à apresentação do problema de maneira irresponsável pela mídia de entretenimento, muitas pessoas que já superaram esses distúrbios não têm coragem de falar sobre o assunto publicamente. A consequência disso é a desinformação e o agravamento do preconceito social.

Ilustração: Adriana Komura

“Sobre Nossa Visão Distorcida” é um projeto não apenas de um site, mas de uma plataforma criativa de entretenimento, diálogo e engajamento. Nossa intenção a longo prazo é criar uma audiência para produtos audiovisuais que visem fortalecer a imagem feminina e propagar em suas entrelinhas uma vida urbana saudável e sustentável.

O nosso público alvo principal são jovens adolescentes de todas as classes com acesso à internet.

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Sobre Nossa Visão Distorcida é um espaço aberto de desabafo e de reflexão criado por pessoas bem intencionadas e com experiência empírica. Visamos aproximar a sociedade de um distúrbio que nos últimos anos tem se tornado assunto de saúde pública: os transtornos alimentares.


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